Sara voltava para casa naquela noite com um ar de tristeza facilmente observado por quem olhasse no seu rosto naquela terça-feira chuvosa. 
Ela não conseguia assimilar o que acontecera naquele dia.  
Logo quando acordou para ir trabalhar recebera um telefonema de um familiar distante que informava o falecimento de sua tia.  
Sua boa educação mandava ir ao enterro, então ligou para seu namorado, Jaime para que ele a acompanhasse. Ele disse que era bom, pois ele precisava lhe dizer algumas coisas que andou pensando. 
Eles se encontraram e então aconteceu. 
Sara agora voltava para casa, tarde da noite e falava (como falam os loucos) sozinha:  
- Sara, Sara, Sara eu até gosto de você, não quero te magoar. Mas acho que minha vida e a sua não estão mais se encontrando... 
Um riso nervoso de Sara encerrou a citação que apenas reproduzia tal como ouvira esta tarde. 
Jaime acabou deixando-a antes do velório, pois quando acabaram de almoçar (depois do que Jaime disse) Sara disse que ele não precisava ir com ela e ele acatou sem protestar. 

A Nephandus Chronicle
The True Path of Ascencion  

Ela foi ao velório, deu e recebeu pêsames, assistiu o enterro e depois andou muito pelo cemitério para pensar. Quando se deu conta já era noite. 
E agora ia para casa. 
Então ela escutou passos. 
Olhou para trás e nada viu. 
Apertou o passo.  
Abriu apressadamente a porta de casa. 
Entrou em casa. 
E escutou. 
- Sara não tenha medo de mim. - a voz era de uma mulher, Sara sentia que algo a vigiava. 
- Quem está aí ? - disse Sara. 
- A senhora dos sonhos Sara. Teus sonhos e de muitos. Meu nome é Valéria. 
- Seja lá quem for, vá embora. 
- E porque haveria de ir embora Sara? Porque a deixaria sozinha? Está passando por uma fase tão difícil. Amigas não abandonam outras amigas em momentos difíceis. 
- O que você é? Um espírito? Um demônio? 
- Eu sou ambos. 
Sara começou a sentir muito medo. Então gritou:  
- Saia daqui demônio, saia de minha casa! 
- Sim Sara, sinta ódio, sinta medo... foi assim que você me chamou, mas agora não pode me mandar embora, pois seu coração está negro. Vingue-se do mundo Sara, vingue-se das pessoas que não te amam. Que te obrigam a viver aqui sozinha. Que te acham velha e feia. Do seu namorado que te abandonou. Da sua tia, que se não tivesse morrido hoje, talvez Jaime nunca a tivesse deixado. Talvez ele ainda estivesse com você, porque não teria coragem de dizer o que sentia. Estaria com você por piedade. 
- Não, não é verdade. Você é um demônio e está querendo me tentar. 
Sara agachou e começou a chorar como uma criança. 
- Então se eu sou um demônio, reze e talvez eu vá embora. Mas se eu não for, Sara, então você será minha. 
- Eu... eu não me lembro a oração. Deus, faça-me rezar... 
- Não se lembra Sara. Talvez tua fé a tenha abandonado também. E teu Deus porque não a ajuda? Se após tua oração eu ainda estiver aqui eu a levarei. 
- Deus me ajude - Sara desabava em lágrimas. 
- Se teu Deus não te ajuda, e se achas tão importante provar isso então repita comigo. Ave Maria mãe de misericórdia... 
Então Sara rezou junto com aquela voz, fechou os olhos com força e sentiu alguém lhe abraçar. 
Quando abriu os olhos estava lá uma mulher linda, vestida de noiva...Sara estava mais calma, pois pensava que ela significava sua salvação. 
A noiva então lhe disse: 
- Eu não falei que de nada adiantaria a oração. 
Sara então gritou.  
No dia seguinte algumas vizinhas comentaram sobre esse grito, mas foram advertidas pelos seus respectivos maridos a não se meterem na vida de estranhos.

The True Path of Ascencion